Edição # 5 | Ano 03 | Dezembro 2021
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Fontes alternativas

Bianca Bellucci
Países do Mercosul tem buscado novas alternativas para a produção de energia, na tentativa de um futuro mais sustentável

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Grande parte da produção de energia elétrica no Brasil é gerada por meio das usinas hidrelétricas. A usina de Itaipu, que também produz para o Paraguai, é a maior responsável para geração do país. A expectativa é que a usina produza mais de 50 milhões de MWh no primeiro semestre de 2018, superando os recordes anteriores.

Por mais que seja uma fonte de energia limpa, a construção de hidrelétricas causa diversos danos ambientais, já que as vezes é necessário inverter cursos de rios e até alagar regiões, o que compromete a fauna e a flora dos locais. Mesmo assim, essa é a maneira menos poluente para a produção de eletricidade da atualidade.

Outras fontes populares, como as termelétricas, acabam poluindo muito o meio ambiente por conta dos gases emitidos pela queima do carvão. Para ter uma produção mais sustentável de energia, é necessário procurar alternativas mais limpas. Diversos países, inclusive os do Mercosul, têm investido em produção de energia por meio de alternativas mais sustentáveis.

Referência

Nesse ponto, um dos maiores exemplos para o mundo é o Uruguai. As fontes renováveis são responsáveis pela produção de 98% da eletricidade do país. Metade desse total é por conta das usinas hidrelétricas, mas 40% é gerada por meio de energia eólica e solar, e os 8% restantes são fornecidas pelas de biomassa.

O Chile também tem buscado alternativas para ter uma energia mais limpa. A meta do país é que as fontes renováveis sejam responsáveis por cerca de 90% da produção até 2050. Até 2017 eles conseguiram metade desse total, chegando aos 45%. Por ter o deserto mais ensolarado do mundo, o do Atacama, boa parte da produção tem sido feita por meio da energia solar.

Por conta disso, a região norte do país se tornou um dos principais mercados mundiais para a energia renovável. Além do calor do deserto, os fortes ventos da costa do Chile também colaboram para o desenvolvimento de fontes limpas.

Brasil

Para estimular essa área, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou que vai financiar até 80% do valor dos equipamentos necessários para a produção de energia solar. A previsão é que até R$ 850 milhões sejam desembolsados para esses projetos em 2018.

Embora esse tipo de energia seja a responsável por apenas 1% da produção do país, a estimativa é que ela encerre o ano com 2,4 GW gerados. Por enquanto a marca é de 1,5 Gigawatts, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). As previsões apontam que até 2030 a participação seja ainda maior, ficando na casa dos 10%.

Em um ano, o número de residências que utilizam esse tipo de energia aumentou de maneira considerável. Segundo a Absolar, 60 mil casas eram abastecidas por meio de painéis solares. Atualmente são 633 mil residências.

O funcionamento dessa energia é bastante simples. Os painéis solares absorvem a luz do Sol e geram energia fotovoltaica. Como ela é gerada em corrente contínua – como a das baterias, por exemplo, é necessário convertê-la para corrente alternada, para poder ser utilizada nos aparelhos elétricos.

O Inversor Solar é quem cumpre assim função, enviando a energia para o quadro de luz, onde ela será distribuída. Se houver um excedente de produção, o medidor bidirecional envia essa sobra para a rede elétrica na rua. Quando isso acontece, o proprietário da casa ou empresa recebe créditos na conta de luz.

Eólica

Além da solar, a energia eólica também é utilizada no Brasil. O país é o oitavo no mundo que mais produz eletricidade por meio do vento. No ano passado foram gerados 12,7 GW, aumento de 19% em relação a 2016. Essa fonte renovável já é responsável por 8,2% da produção total do país.

Para que a energia seja produzida, o vento movimenta o aerogerador, também conhecido como turbina eólica. Conforme as pás entram em rotação, elas acionam o rotor, que envia a rotação ao gerador. Este, por sua vez, consegue transformar a energia mecânica gerada em eletricidade.

Biomassa

Por mais que as fontes eólicas e solares sejam bem conhecidas, existem outros meios de se obter energia de forma limpa. Outra alternativa que vem ganhando espaço no Brasil, assim como no Uruguai, é o da biomassa.

Para que a eletricidade seja produzida dessa forma, é necessário utilizar fontes sustentáveis como combustíveis. Até mesmo dejetos orgânicos, como madeira de reflorestamento, galhos, e o bagaço de cana-de-açúcar podem ser usados. Em projetos mais recentes, dejetos humanos tem sido utilizado como gerador de gás inflamável, para que esse seja o combustível capaz de produzir a energia.

Curitiba, no Paraná, é uma das capitais brasileiras que têm buscado alternativas nesse sentido. Existem estudos para que o esgoto produzido na cidade seja convertido em biogás, para que assim possa ser utilizado como combustível para as usinas de biomassa.

A ideia é que os restos de alimentos, dejetos e até resíduos da agricultura, passem pelo processo de biodigestão. Nele, as bactérias transformam os objetos em gases que podem ser utilizados para gerar energia térmica ou elétrica.

Porém, para que esse tipo de alternativa sustentável dê certo, é necessário um forte investimento no reflorestamento. Como ela é obtida por meio de uma queima, há a emissão de gases poluentes, mas que são neutralizados com o plantio de novas árvores.

Geotérmica

Uma das alternativas que o Chile tem investido é na energia geotérmica. Inclusive por conta dos vulcões em seu território que podem até ajudar no processo de criação dessa energia. No mundo, a Islândia é um dos países que mais utiliza essa fonte para produzir a sua eletricidade.

Esse tipo de fonte renovável utiliza água e vapor, que são aquecidos ao entrar em contato com a camada de rocha do centro terrestre, para movimentar as turbinas da usina. Isso gera energia mecânica, que depois é convertida para elétrica por um gerador.

O vapor excedente é condensado novamente, para que possa retornar ao estado líquido. Depois disso, a água volta para o manto por meio de tubos.

Por mais que possa ser muito útil em locais com grande atividade vulcânica, como o Chile, há alguns entraves que evitam a popularização desse sistema. O alto investimento em perfurações, além dos impactos no ecossistema por causa dos afundamentos no solo e do cheiro dos gases que são liberados, são alguns desses motivos.

Toda forma de produção de energia tem vantagens e desvantagens. Porém, é necessário seguir em busca de fontes mais limpas, para que haja sempre um desenvolvimento sustentável. Atualmente há diversas alternativas, e que podem ser aplicadas nas mais diferentes localidades.

Os avanços dos países do Mercosul nesse sentido têm sido fundamentais para o desenvolvimento de alternativas sustentáveis, e que a utilização dessas novas fontes deve seguir crescendo nos próximos anos e décadas.

 

 

 

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