Edição # 27 | Ano 27 | Dezembro 2021
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Energia solar em alta

Bianca Bellucci
Países do Mercosul trabalham para gerar energia limpa por meio de projetos sustentáveis

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Investir em energias renováveis e que não causam impactos severos ao meio ambiente é uma das formas de garantir um futuro mais verde e sustentável. A energia solar se mostra como uma boa opção para quem quer gerar eletricidade limpa de forma relativamente barata e sem prejudicar a natureza.

Segundo o relatório “Tendências globais no investimento em energias renováveis 2018”, publicado pela ONU Meio Ambiente em colaboração com a Escola de Finanças e Administração de Frankfurt e a empresa de dados Bloomberg New Energy Finance, a energia elétrica é uma tendência global. Em 2017, o sistema alcançou o recorde de US$ 160,8 bilhões em investimentos ao redor do mundo – 18% a mais do que no ano anterior.

A pesquisa ainda mostra que, em 2017, a energia solar forneceu 98 gigawatts de eletricidade em todo o planeta. Destes, 53 gigawatts foram gerados na China, o país que mais apostou na energia renovável em 2017 – investiu R$ 86,5 bilhões na ideia, um aumento de 59% em relação ao valor do ano anterior.
Outros países também elevaram os valores de investimento no último ano. O da Austrália, por exemplo, foi de US$ 8,5 bilhões de dólares (cresceu 147% em relação a 2016) e o da Suécia atingiu a marca de US$ 3,7 bilhões, 125% a mais do que o registrado no ano anterior.

Fotovoltaico x térmico

Ao falar sobre energia solar, é preciso entender que esse sistema pode ser dividido em duas vertentes: fotovoltaico e térmico. O primeiro consiste em placas que usam células fotovoltaicas para gerar energia a partir dos raios do sol.

O modelo mais comum é feito com várias células feitas em silício, que conseguem gerar eletricidade suficiente para abastecer diferentes necessidades de uma casa ou empresa, como sistema de iluminação e aquecimento de água. Em alguns casos, a produção é tão grande que os proprietários conseguem abatê-la do valor da conta de energia e até zerar a cobrança.

Os projetos que usam energia solar térmica tendem a ser mais baratos do que os fotovoltaicos. Eles funcionam por meio da condução do calor, que fica isolado em uma espécie de reservatório e é perfeito para aquecer a água de chuveiros, torneiras e até piscinas.

Normalmente, as placas de energia solar, seja voltaica ou térmica, são instaladas em telhados de casas, galpões e prédios. Também existem projetos direcionados aos moradores de apartamentos, que podem posicionar os coletores em janelas e varandas. Algumas cidades e países investem na construção de grandes polos, que reúnem centenas de painéis e conseguem gerar altos níveis de energia limpa.

Apesar de apresentaram diferenças, os dois sistemas prometem oferecer muita economia a pessoas e empresas, já que diminuem o consumo proveniente da rede elétrica tradicional. De quebra, os projetos são boas pedidas para quem se preocupa com a preservação do meio ambiente e dos recursos finitos do planeta.

Energia solar no Brasil

Apesar de ainda apresentarem resultados mais tímidos quando comparados aos países da Europa e da Ásia, algumas nações do Mercosul também entraram de cabeça nos projetos focados em energia solar. O Brasil, por exemplo, registrou um investimento total de R$ 6,2 bilhões na área em 2016. O número representa um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

O relatório “Energia Solar no Brasil e Mundo”, divulgado Ministério de Minas e Energia (MME) defende que o País tem um enorme potencial para produzir energia por meio de raios solares. Segundo o material, a região Nordeste apresenta os maiores valores de irradiação global, com a maior média e a menor variação anual.

Segundo o relatório, a média anual de irradiação do Brasil é bem maior do que a da Europa, por exemplo. Entretanto, os números registrados no País ainda ficam atrás de locais como Austrália, Oriente Médio, norte e sul da África, parte da Índia, México, Chile, parte da Ásia, Peru e sudoeste dos Estados Unidos.

O documento divulgado pelo MME ainda vê a energia solar como uma boa oportunidade para ampliar o desenvolvimento do País. O estudo destaca que as maiores irradiações solares do Brasil estão em áreas de baixo desenvolvimento econômico, nas quais o uso da terra e os impostos arrecadados podem contribuir para o desenvolvimento local.

“A instalação de painéis FV (fotovoltaicos) com alturas acima de 2 metros pode criar condições favoráveis ao cultivo de hortaliças e legumes. Com o progresso da expansão, a exigência de conteúdo nacional, hoje em torno de apenas 30% (a China é o maior fornecedor mundial de painéis FV), pode passar a mais de 70%, proporcionando geração de empregos e impostos em todas as áreas da cadeia produtiva do setor. O Brasil tem excelentes reservas de silício e lítio, principais matérias-primas da FV e de baterias, respectivamente”, diz um trecho do material.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) prevê que aproximadamente 1,2 milhão de geradores de energia solar sejam instalados em casas e empresas brasileiras até 2024, representando 15% da matriz energética do País. A associação ainda acredita que o mercado nacional irá movimentar cerca de R$ 100 bilhões.

Investimentos na América do Sul

O Uruguai, um dos países de peso do Mercosul, é uma das grandes referências mundiais quando o assunto é energia limpa e sustentável. Segundo dados da Secretaria de Energia e Mineração do estado de São Paulo, mais de 95% do território do país vizinho é abastecido por fontes de energia renováveis, como hidroelétrica, solar, biomassa e eólica.

Já o Chile, um dos países associados ao bloco da América do Sul, registrou ótimos resultados após investir na instalação de parques com placas solares. Em 2016, por exemplo, o país gerou tanta energia que passou a fornecer eletricidade de graça por alguns dias.

O Atacama, conhecido mundialmente pelo clima árido e ensolarado, é responsável por 42% de toda a energia solar gerada no Chile. O número foi divulgado pelo Ministério de Interior e Segurança Pública do país.

 

As nações do Mercosul podem se inspirar no sistema metroviário da cidade de Santiago, que funciona principalmente com energia elétrica limpa. Atualmente, 60% da eletricidade usada para movimentar os vagões que levam cerca de 2,2 mil pessoas diariamente a diferentes pontos da capital funcionam por meio da energia proveniente dos parques solares e eólicos.

 

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