Edição # 26 | Ano 26 | Novembro 2021
seta esquerda ANTERIOR
Especial

Países do Mercosul farão compra conjunta de medicamentos

Textura da Capa Ornamento
Pesquisa

Brasil deveria negociar fora do Mercosul, diz pesquisa

Bianca Bellucci
Na visão do empresariado, o governo brasileiro deveria negociar internacionalmente de forma independente do Mercosul, em detrimento a decisão 32/00 que obriga os países membros do bloco a negociar conjuntamente

Versão Flip PDF

Na visão do empresariado, o governo brasileiro deveria negociar internacionalmente de forma independente do Mercosul, em detrimento a decisão 32/00 que obriga os países membros do bloco a negociar conjuntamente. A conclusão é de sondagem realizada pela Amcham, no último dia 9/5, com 90 empresários, em São Paulo. Para 80% dos presidentes e diretores consultados, o Brasil deve buscar mais tratados internacionais de forma unilateral, mesmo à revelia do Mercosul.

Da parte da iniciativa privada, a expectativa é alta para esta maior adesão brasileira a outros países e mercados. Prova disso é que 79% dos consultados afirmaram hoje já está buscando investir fortemente para aprimorar sua gestão e torna-se mais produtivo e competitivo globalmente diante da possibilidade de novos acordos. Só 17% deles informou investir de forma modesta para a concorrência mais globalizada.

Outra conclusão do estudo é que a assinatura de um acordo comercial Brasil-EUA seria relevante para os negócios das empresas brasileiras. Para 60% dos presidentes e diretores consultados, a parceria com os norte-americanos é vista como mais vantajosa e relevante, enquanto 34% avaliou o bloco europeu como prioritário.

Em relação à agenda positiva dos acordos, os empresários apontaram três grandes prioridades: convergência regulatória de medidas técnicas, sanitárias e fitossanitárias (30%); cooperação de investimentos (28%); e facilitação de procedimentos burocráticos no processo de comércio exterior (26%).

Outro ponto de desejo do empresariado diz a respeito à realização de um programa planejado de integração com as cadeias europeia e americana, importando mercadorias intermediárias a serem reexportadas para esses mercados. Para 55%, a medida teria efeito positivo no curto e longo prazo. Uma minoria de 20% prevê perdas no primeiro ano, porém com ganhos nos anos seguintes.

Apesar do baixo número de tratados preferenciais já estabelecidos, 57% dos empresários ouvidos informaram já se beneficiar dos acordos comerciais que o Brasil faz parte, mostrando a sua importância na inserção do País na corrente de comércio do mundo.

Os empresários (71%) enxergam também com otimismo os Acordos de Cooperação e Facilitação de investimentos (ACFIs) usados recentemente para acessar mercados, especialmente África e Ásia. Uma fatia de 19% informou já ter se beneficiado.

Outra avaliação positiva do empresariado diz a respeito à importância dos recentes acordos assinados envolvendo México, Chile, Peru e Colômbia. A maioria aponta como muito importante ou importante (74%) para estimular negócios bilaterais e proporcionar mais segurança ao investimento privado.

Hoje, 75% dessas organizações afirmou ter investimentos/negócios nesses países.

A Amcham ouviu 90 empresários de grande e médio porte de todos, sendo 85% deles de empresas brasileiras. Os empresários foram ouvidos em pesquisa em tempo real em evento da Amcham sobre Acordos Comerciais na sede da entidade, em São Paulo, no último dia 9/5.

A pesquisa integra a agenda do Mais Competitividade Brasil, programa lançado pela Amcham envolvendo cinco mil empresas, em 14 cidades, com o objetivo de construir uma agenda privada em prol da maior competitividade e produtividade brasileira.

Pesquisa sobre Mercosul é apresentada na Unesp

Neste 2016, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) completa 25 anos de institucionalização. Em referência à data, o Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais (IPPRI), da Unesp, e o Programa da Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, oferecido em conjunto pela Unesp, Unicamp e PUC-SP, promoveram a apresentação do livro La integración regional en América Latina: Quo Vadis? El Mercosur desde una perspectiva sectorial y comparada. Na ocasião houve uma palestra da autora Mercedes Botto, seguido de debate.

Pesquisadora da Universidade de Buenos Aires (UBA) e da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO), Mercedes realizou uma obra de referência para os pesquisadores desse bloco. Janina Onuki, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, comentou a obra destacando a riqueza das análises do processo de construção do Mercosul. Deisy Ventura, também professora do IRI-USP, assinala tratar-se de um livro que só poderia ser escrito em dez anos, tempo que de fato levou a pesquisa, tamanha a diversidade de atores enfocados. “Trata-se de um trabalho que busca evitar mitos e reducionismos”.

O bloco, composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, é analisado por Mercedes a partir de aspectos diversos, os quais, segundo a autora, contribui para ampliar todo o processo de conhecimento sobre o organismo. “Particularmente a obra aborda a construção das instituições em um processo de integração,” diz a autora. No decorrer do texto ela expõe a ação coletiva da integração pelas agendas de comércio, trabalho, educação superior e política. “Todas elas são vitoriosas, sendo que a social ajudou a implementar e a difundir informações entre os países”.

Gonzalo Berrón, da Fundação Friedrich Ebert no Brasil, outro especialista presente ao debate, avalia tratar-se de um livro que aponta os reais processos do Mercosul e, por isso, eleva seu valor social. Ao final, Tullo Vigevani, professor da Unesp e organizador do debate, pontuou que a integração segue a importância dada por cada país membro. Como exemplo ele citou que 30% da economia Argentina é voltada para o Mercosul, enquanto a participação da economia brasileira fica em torno de 13%.

Ao final, Mercedes fala da inclusão de atores não governamentais como uma grande conquista ou um “bem regional”.

PRÓXIMA seta direita
Digital

Bloco traça estratégia para atrair turistas