Um dos dez maiores exportadores de tratores do mundo, o Brasil segue forte no setor de máquinas agrícolas. Após amargar queda nas vendas e produção em 2016, o país se recuperou e fechou em alta nos últimos dois anos. E a previsão é que o saldo de 2019 também seja positivo, já que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê alta de 10,9% nas vendas e de 0,6% na produção desses veículos.
O recente acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia é outro ponto que pode ajudar a alavancar a produção brasileira. Embora alguns pontos ainda não tenham sido discutidos, a conclusão do acerto entre os dois blocos comerciais já é visto com bons olhos por algumas instituições. É o caso da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Ela acredita que há um grande potencial para o crescimento das exportações brasileiras de bens agrícolas, além de possíveis ganhos para o lado industrial.
A importância do agronegócio na economia faz com que o setor das máquinas agrícolas tenha uma ampla competitividade no território brasileiro, já que esses equipamentos são fundamentais para o aumento de produtividade e eficiência dos processos nos campos. Embora a produção de tratores seja feita, em sua maioria, por grandes multinacionais, os implementos — arados, subsoladores e pulverizadores, por exemplo — são fabricados por empresas nacionais, sendo algumas delas de médio e pequeno porte.
Por ser essencial para os trabalhos agrícolas, as máquinas e implementos estão em constante evolução. Em busca de modelos mais eficientes e inteligentes, as fabricantes de tratores têm investido em motores modernos e alinhados com os padrões europeus. E não são apenas as gigantes da indústria que tem buscado esse desenvolvimento. Voltada para a agricultura familiar, a brasileira Agritech apresentou na última edição da Hortitec, feira de horticultura e fruticultura realizada em Holambra (SP), dois novos modelos para os pequenos agricultores.
A dupla 1155 Fruteiro e 1160 Fruteiro contam com propulsores de última geração e que estão em conformidade com as normas internacionais de emissões de poluentes e ruídos. O menor tem 42 cv de potência, enquanto que o maior rende 51,6 cv de potência.
Entretanto, as novidades do setor não têm surgido apenas pelas fabricantes. A MM Sperandio, uma concessionária que fica em São Miguel do Oeste (SC), desenvolveu um trator acessível para um fazendeiro cadeirante. O modelo utilizado foi o MF 4700 da empresa Massey Ferguson. Ele recebeu uma adaptação no sistema de frenagem para que o operador conseguisse ativá-lo com as mãos.
Por mais que tenha sido uma decisão independente, ela pode servir de inspiração para que as próprias montadoras disponibilizem modelos mais acessíveis, o que pode gerar mais oportunidades nos campos e uma nova demanda de mercado.
E não são apenas as empresas estabelecidas no Brasil que estão investindo em novos produtos. Neste ano, a marca alemã Fendt anunciou sua chegada ao mercado brasileiro. Por enquanto, são três produtos: o trator 1000 Vario, que tem 517 cavalos de potência, a colheitadeira Ideal, que possui tanque de grãos de 17.100 litros, e a plantadeira Momentum, que tem tanque de 5.300 quilos de capacidade máxima e é voltada para grandes fertilizações
Embora o Brasil seja uma potência no agronegócio, outros vizinhos da América do Sul também se destacam. Um dos principais é o Paraguai, que é o quarto maior exportador de soja do mundo, sendo o país que mais cresceu economicamente no continente nos últimos 10 anos, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
De olho no potencial do mercado paraguaio, a New Holland Agriculture tem investido em novos modelos de colheitadeiras. A linha CR EVO, por exemplo, utiliza um sistema de duplo rotor e que acabou conquistando os agricultores do país. O sucesso dos modelos fez a empresa alcançar a liderança do mercado, que é o terceiro maior vendedor de colheitadeiras da América Latina.
Esses investimentos mostram a força do agronegócio nos países do Mercosul. Seja em território brasileiro, ou nos vizinhos, o setor de máquinas agrícolas e implementos está em um momento de crescimento, tanto tecnológico como de vendas e produção. Dessa forma, a tendência é que o trabalho no campo se torne cada vez mais otimizado, mas sem abrir mão do lado sustentável. Outras inovações, como a conectividade que as novas tecnologias, como a automação de veículos e a utilização da internet das coisas (IoT), também serão cada vez mais implementadas no setor de máquinas agrícolas, o que em breve vai permitir que todo o processo de produção esteja integrado.