Edição # 26 | Ano 04 | Novembro 2021
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Brasil e Argentina: um panorama dos gigantes do Mercosul

Marcella Blass
Conheça o cenário econômico atual das duas nações em relação a si mesmas e ao bloco econômico sul-americano

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Brasil e Argentina são dois dos países mais fortes e importantes países da América do Sul. O título também se repete quando o assunto é o Mercosul, característica que dá às duas nações destaque dentro do bloco e vontade de avançar juntas para atrair mais atenção internacional.

Nos últimos meses, o Brasil tem passado por uma grande instabilidade econômica e política. Porém, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, há expectativas positivas à economia brasileira.

Ele contou, durante um encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em maio, que as medidas tomadas pelo presidente interino Michel Temer, como as nomeações para a Petrobras e Banco Central, já foram vistas com olhos animados pelo setor econômico.

Ainda segundo o ministro, acreditar que a economia vai bem ou mal faz com que isso se torne realidade no sentido de decisões de investimento. Confiar no cenário positivo ou negativo influencia a forma com que o consumidor que ainda tem dinheiro para gastar investe nos País.

Enquanto isso, Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, diz que é preciso tomar medidas que sinalizem de maneira clara que a trajetória de crescimento da dívida pública será revertida em seu devido tempo. A partir daí, a expectativa é que a confiança ganhe força e com isso os investimentos possam aumentar e estimular a atividade econômica.

No mesmo banco estão os argentinos, que viram a situação econômica do país se deteriorar com a chegada do presidente Maurício Macri. As notícias não são das melhores, e o FMI estima que o PIB do país recue 1% este ano, enquanto a Moody’s, menos otimista, prevê uma porcentagem de 1,5%.
De acordo com economistas, a crise está ligada aos reajustes feitos por Macri, entre eles a redução de subsídios e a desvalorização do peso. Contudo, mesmo diante de um cenário desfavorável e o descontentamento popular, a expectativa é que essas mudanças revertam o panorama político-econômico do país a partir de 2017.

As gigantes no Mercosul

O embaixador da Argentina no Brasil, Carlos Magariños, afirmou que a América do Sul precisa passar por algumas reformas. Segundo ele, só dessa forma os países da região poderão ganhar competitividade em uma economia em que a inovação domina o cenário.

Devido às características econômicas, populacionais e geográficas, é incontestável que o Brasil tenha certa posição de liderança dentro do bloco. Graças a essa particularidade, o País insiste em se posicionar e estimular debates sobre mudanças positivas.

Serra afirma que é preciso procurar uma transição, avaliar impactos, analisar números e flexibilizar regras como a resolução que determina que todos os países comecem juntos uma negociação fora do bloco. “Com isso, podemos deixar as coisas mais soltas e depois carregar os parceiros”, diz. De acordo com o ministro, não há nenhuma intenção de extermínio de parcerias, e sim estímulo a elas.

Mas em meio a discussões positivas a respeito de possíveis mudanças, episódios de tensão também acontecem dentro dos países que compõe o Mercosul. Desde que conquistou a maioria no Congresso em dezembro de 2015, a oposição venezuelana está se articulando para convocar um refendo revogatório, mecanismo constitucional para encurtar o mandato do presidente Nicolás Maduro, que vence só em 2019.

Diante da tensão interna, inflação anual de 700%, uma crise energética e desabastecimento, a Venezuela preocupa Macri, que diz que essa situação precisa mudar. Em maio, o presidente da Argentina ainda fez um apelo a Maduro, para que ele negocie com a oposição um “processo de transição” para diminuir a instabilidade política e econômica do país.

Cada vez mais próximas

Apesar de a posse do presidente Macri ter trazido consigo um período de instabilidade político-econômica, ela proporcionou uma mudança de posicionamento estratégico. O ex-ministro de Indústria e Comércio, José Botafogo Gonçalves, explica que Brasil e Argentina perceberam que ganham mais se unindo para encontrar maior espaço no comércio internacional e atrair mais investimentos externos.
Para o Magariños, Brasil e Argentina precisam trabalhar em uma agenda ambiciosa de facilitação de comércio e convergência regulatória e destravar regulações que impedem o fluxo normal de comércio e de investimentos.

“O mundo hoje tem excesso de dinheiro, uma parte dos poupadores tem juros negativos e, se o ambiente for propício, com segurança jurídica e confiança nas regras do jogo, pode-se atrair enormes capitais, seja da China, Japão, Estados Unidos ou da Turquia, para investimentos de infraestrutura tanto no Brasil quanto na Argentina”, explica Gonçalves.

Já de olho nas vantagens de uma aproximação, em meio deste ano, os dois gigantes do Mercosul assinaram um memorando de entendimento para criar o Mecanismo de Coordenação Política Brasil-Argentina. O principal objetivo da ação é o intercâmbio de opiniões sobre temas das agendas bilaterais, regional e global, além de acompanhamento de projetos nas áreas de ciência, tecnologia, inovação, comércio, entre outros assuntos importantes para ambos os países.

*Com informações da Agência Brasil

 

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